Professora acusada de amarrar criança autista é liberada, mas usará tornozeleira eletrônica

A professora suspeita de amarrar um menino autista de 4 anos em uma cadeira dentro do banheiro de uma escola particular em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, foi autorizada pela Justiça a responder ao processo em liberdade. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (9) durante audiência de custódia. Como medida cautelar, a educadora deverá utilizar tornozeleira eletrônica.
A situação veio à tona após a divulgação de imagens que mostram o menino contido por faixas de tecido nos pulsos e na cintura. De acordo com o Conselho Tutelar, a criança foi encontrada sozinha e imobilizada dentro de um banheiro da instituição. Segundo relato da conselheira tutelar Mônica Gawlak, a justificativa apresentada pela professora foi que o aluno estava agitado e atrapalhava os colegas.
Com a repercussão do caso, outros relatos começaram a surgir. Um pai procurou as autoridades e apresentou fotos de sua filha, de apenas 3 anos, também presa a uma cadeira enquanto dormia. As imagens deverão ser anexadas ao inquérito policial, que já está em andamento.
A polícia investiga se essa era uma prática recorrente na escola Shanduca – Berçário e Pré-Escola, e se outros funcionários estavam cientes ou consentiram com os maus-tratos. A diretora e a proprietária da unidade devem prestar depoimento nesta quinta-feira (10). Caso fique comprovado que houve omissão, outros profissionais também poderão ser responsabilizados criminalmente, com penas previstas de até quatro anos de prisão.
O caso, que causou comoção na cidade, levanta preocupações sobre a qualificação dos profissionais da educação no atendimento a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para os pais do menino, o momento é de indignação e dor. "Foi desesperador ver aquelas imagens", disse a mãe, Mirian de Oliveira Ambrósio. O pai, Augusto Ambrósio, afirmou ter recebido outros dois vídeos mostrando o filho amarrado em dias diferentes.
A pedagoga da escola, apontada como a pessoa que teria autorizado a contenção, também foi levada à delegacia, mas acabou liberada após o depoimento.
Até o momento, a escola não emitiu nenhum posicionamento oficial sobre o caso. A unidade escolar suspendeu as atividades e entrou em recesso.
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